Além do acordo para fabricação de insulina, executiva afirma que laboratório ucraniano estuda transferir tecnologia de produção de análogos de insulina para o Brasil
A presidente do laboratório ucraniano Indar, Liubov Vishnevska, afirma que a empresa já estuda ampliar e diversificar o acordo de transferência de tecnologia que tem com a Bahiafarma. De acordo com a executiva, a Indar, parceira tecnológica do laboratório público baiano na produção de insulinas, projeta a incorporação de novas apresentações do medicamento e de análogos de insulina ao espectro da Parceria para o Desenvolvimento Produtivo (PDP) firmada entre os laboratórios.
“Apesar de ainda não termos PDP formalizada para isso, a transferência de tecnologia para a produção de análogos de insulina está sendo contemplada no projeto da fábrica que vamos construir em conjunto com a Bahiafarma no Brasil”, afirma Liubov. “É um passo importante para que o País possa se tornar independente e autossuficiente em uma área tão estratégica quanto a de produção de insulinas.”
A executiva recebeu, na fábrica da Indar, em Kiev, na Ucrânia, uma comitiva brasileira formada por executivos da Bahiafarma e jornalistas, além do embaixador do Brasil na Ucrânia, Osvaldo Biato Junior. Os convidados puderam conhecer as instalações de produção de insulinas da Indar, ter contato com os projetos da fábrica do medicamento que será construída em Dias d’Ávila, na região metropolitana de Salvador, além de conversar com médicos e representantes de pacientes portadores de Diabetes.
“Este é um projeto extremamente importante para o Brasil”, afirmou o diplomata. “Com este acordo, vamos promover ampliação de acesso e barateamento de custo de um medicamento estratégico para o sistema público de saúde. Temos relações de muito sucesso no desenvolvimento tecnológico com a Ucrânia há 25 anos, especialmente nas áreas médicas e de saúde. Estamos bastante animados com esta parceria.”
Para o diretor-presidente da Bahiafarma, Ronaldo Dias, o encontro marcou uma nova etapa no processo de aproximação entre os parceiros brasileiro e ucraniano. “Com a troca mais frequente de informações, vamos construindo pontes que tornam as relações mais claras e transparentes”, avalia. “Nossa parceria segue avançando, com perspectivas cada vez melhores.”
Estratégico
O fornecimento de insulinas Parceria para o Desenvolvimento Produtivo (PDP) Bahiafarma-Indar para o Sistema Único de Saúde (SUS) foi iniciado em abril, marcando a primeira etapa do processo de transferência de tecnologia que vai tornar o Brasil um dos poucos a dominar o processo de fabricação de insulinas, um dos medicamentos mais utilizados no mundo – e considerado estratégico pelo Ministério da Saúde.
Pelo acordo, a Bahiafarma passa a ser responsável pelo fornecimento de 50% da demanda das insulinas de maior uso do SUS: a Regular (R) e a de ação prolongada, NPH. A PDP prevê a instalação da fábrica de insulinas na região metropolitana de Salvador (BA), com um investimento projetado de aproximadamente US$ 100 milhões.
A medida é considerada estratégica para as políticas de saúde pública brasileiras, por promover tanto a estabilidade nos preços quanto a regularidade no fornecimento e na distribuição das insulinas – fatores críticos enfrentados por governos de todo o mundo. A Diabetes é uma doença crônica e de grande alcance (acomete aproximadamente 10% dos adultos no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde). No Brasil, pesquisa divulgada pelo Ministério da Saúde indica que o número de brasileiros diagnosticados com diabetes cresceu 61,8%, entre 2006 e 2016, chegando a 8,9% da população.
Qualidade
O parceiro tecnológico da Bahiafarma, o laboratório ucraniano Indar, S.A., é uma das quatro empresas no mundo que realizam o ciclo completo da fabricação da insulina – da produção de cristais (substância de insulina) ao produto acabado. A companhia trabalha com pesquisa, desenvolvimento e fabricação da insulina há mais de duas décadas e é conhecida por implementar tecnologias inovadoras aos processos produtivos do medicamento, além de realizar operações em diversos países.
O laboratório ucraniano já tem acordos de cooperação e de fornecimento de insulinas com o Brasil desde 2007, sempre atuando de acordo com os parâmetros de controle da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e atendendo os requisitos de Boas Práticas da Fabricação (BPF), garantindo a segurança na qualidade do produto acabado.