O Instituto Butantan está produzindo lotes experimentais de diferentes tipos de vacinas contra o vírus Influenza H7N9, vírus de origem aviária, com potencial de causar uma pandemia (epidemia que se espalha em um continente ou até pelo planeta).
O vírus H7N9 infectou 1.223 pessoas na China, no ano de 2013, mas o que assustou o mundo foi o alto índice de letalidade que atingiu 380 pacientes, de acordo com as notificações à Organização Mundial da Saúde (OMS). Após estudos, foi constatado que se tratava de um novo vírus, que contaminava aves e depois era transmitido aos humanos. Apesar disso, ainda não há uma compreensão completa sobre como ocorre a transmissão e acredita-se que ela esteja relacionada com o convívio com aves silvestres e até em granjas.
Na semana passada, o Hospital das Clínicas de São Paulo convocou voluntários, entre 18 e 59 anos, saudáveis e de ambos os sexos (exceto gestantes) para a Fase I de Estudos Clínicos. Em outubro de 2018, o mesmo processo já havia sido anunciado pelo HC de Ribeirão Preto, no norte do estado.
De acordo com o pesquisador Alexander Precioso, que é diretor da Divisão de Ensaios Clínicos e Farmacovigilância do IB, o estudo clínico, que teve início em 2018, avalia sete potenciais vacinas contra o vírus H7N9. A diferença entre elas se dá na concentração do antígeno (quantidade do vírus H7N9 inativado) e na presença de adjuvantes (substâncias usadas para compor vacinas inativadas para ajudar o antígeno a desencadear uma resposta imune).
Hoje há dois adjuvantes sendo utilizados no trabalho: o IB160, que é produzido pelo próprio Butantan, e o SE, que é produzido pelo IDRI (Infectious Disease Research Institute), que fica em Seatle, nos EUA, entidade que tem parceria técnica-financeira no projeto.
“Somente após a finalização deste estudo clínico, poderemos identificar qual vacina será indicada para ser produzida, caso ocorra uma pandemia pelo vírus Influenza H7N9, e saber qual será a capacidade produtiva total do Butantan”, afirmou Precioso.
Dentre os próximos passos estão a obtenção do Registro Regulatório da vacina junto à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), o que poderá exigir ou não a continuidade dos estudos clínicos, após o término da fase I, com as fases subsequentes II e III.
Como ser um voluntário?
O estudo clínico terá duração de aproximadamente um ano e tem como objetivo avaliar a segurança, a imunogenicidade e o efeito poupador de dose do antígeno do Influenza H7N9.
Para participar, basta fazer o agendamento junto ao HC São Paulo no telefone (11) 2661-2276 ou 2661-7214, de segunda à sexta, das 8h às 17h.
LINHA DO TEMPO
2006
A Organização Mundial da Saúde (OMS) passa a coordenar uma iniciativa estratégica chamada Global Action Plan, que tinha como objetivo reduzir a falta de vacinas (sazonal e pandêmica). O projeto surgiu devido à ameaça de novas pandemias do vírus Influenza e durou dez anos (até 2016, portanto).
2007
A OMS lançou e coordenou um programa específico de apoio regulatório a iniciativas de Transferência de Tecnologia para fortalecer o preparo e resposta rápida à Influenza pandêmica em países de baixa e média renda, perfil no qual o Brasil se enquadrava.
2008
O Instituto Butantan foi selecionado pela OMS como um dos produtores locais de vacina Influenza para receber apoio técnico e financeiro para a produção estratégica de lotes de vacina contra a Influenza potencialmente pandêmica. O Butantan passou, então, a ser patrocinado pela OMS e pelo Barda. Foi construída uma planta piloto para Influenza e produziram-se lotes experimentais da vacina influenza H5N1 (vírus com potencial pandêmico).
2017
O Butantan passa a receber apoio técnico e financeiro da Organização Mundial da Saúde e do Barda (Departamento f Health and Human Services dos EUA) para o projeto de novas vacinas em potencial contra o vírus influenza H7N9.
Fonte: Adriana Matiuzo