O consultor científico sênior de Bio-Manguinhos, Akira Homma, foi homenageado durante o IV Colóquio sobre Pesquisa “Doenças Imunopreveníveis: o retorno?”, na Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade de Brasília no dia 31 de agosto. Durante a premiação, ele falou sobre o patrono Oswaldo Cruz, na construção do Instituto Soroterápico no início do século passado, passo fundamental para que o Brasil seja uma referência hoje na produção mundial de vacinas.
O pesquisador, que já foi condecorado com uma das 50 pessoas mais influentes na área de vacinação no mundo, reafirmou a necessidade do país ser autossuficiente na produção de vacinas, e lembrou o histórico de imunização no Brasil, cujos avanços se deram sempre em momentos de crise. “Precisamos de uma política de estado para dar continuidade e fortalecer atividades básicas e de desenvolvimento. Inovação tecnológica precisa de muito investimento,” diz.
A coordenadora do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde, Carla Domingues também foi homenageada em nome de todos os técnicos do programa. Ela apresentou os avanços e desafios do programa, formulado em 1973 e lembrou que no passado, com muito menos tecnologia, se cumpria a meta de vacinação. A campanha mais recente, de agosto de 2018, terminou com apenas 80% da meta cumprida, e com mais de 1500 casos de sarampo notificados no país. “A sensação de segurança, o desconhecimento dos benefícios da vacina, os horários de funcionamento dos postos incompatíveis com a rotina de trabalho dos responsáveis pelas famílias e a falta de alimentação do sistema de informação de notificações, bem como a existência de dados inconsistentes e a mobilização de grupos anti-vacinas fazem parte do rol de possíveis desafios a serem enfrentados”, alertou ela.
Mesa redonda
A pesquisadora da Fundação Ataulfo de Paiva, Kellen Resende apresentou as perspectivas na produção nacional de vacinas e alertou a necessidade de mais agilidade nos processos dos institutos. Segundo ela, entre os desafios do setor estão o baixo orçamento, a manutenção dos registros de vacinas, a translação do conhecimento científico da universidade para a efetiva produção das vacinas e a necessidade de alianças estratégicas e parcerias. “Isso pode ser garantido por meio de parcerias para o desenvolvimento produtivo (PDPs),” afirmou.
Fonte: Mariella de Oliveira-Costa – Fiocruz Brasília